Hoje quero falar de M., solteira, tem vivido para ser a
cuidadora da família. Tinha alguns quereres tais como casar, filhos, mas o
tempo dedicado aos pais não permitiu que observasse em si mesma uma mulher com
sonhos, preferiu olhar em direção da parentela, sentia-se no dever de impedir
que maiores problemas chegassem principalmente ao progenitor. O pai! Poderia
haver homem igual a ele, mas melhor... Nem pensar. Bem, nenhum, nem próximo ao
modelo sonhado a tirou ao menos para dançar e o tempo passou sem que ela se
desse conta que seu olhar entristeceu, que em seu rosto se desenhou marcas, que
os cabelos branquearam... A verdade é
que M. foi perdendo o sal da vida e já nem há mais o pai para cuidar, resta-lhe
a mãe que nunca compreendeu bem sua sensibilidade,
que exige mais do que ela gostaria de ofertar.
Então M. começou a adoecer, assim teria paz para cuidar de
si, estar consigo, sem que fosse cobrada sua presença diuturna com a mãe que
nem sempre a percebeu e nem tratou seu pai como gostaria que ele fosse tratado.
Qualquer semelhança com o complexo de Édipo é uma possibilidade.
Já D. é um homem bem sucedido, que fique bem claro que ele é
o chefe! Por mérito colocou o setor num patamar nunca antes alcançado, é polido,
educado, justo! É um bom cristão, visita os pais nos finais de semana, cuida
para que a esposa não tenha grandes queixas, é caridoso com os menos
privilegiados, porém, alguns
subordinados gostam de brincar que são
chefes desconhecendo a sua autoridade e embora D. tenha feito reuniões durante
2 anos, falando da importância do trabalho de equipe e todas as palavras
educadas que uma pessoa urbanizada pode dizer a pessoas que não são disciplinadas,
tudo continua quase como antes, se não fosse por D. começar a perceber que seu corpo
se autoagride enquanto sua palavra busca a complacência. Por que é tão difícil para seus subordinados
entenderem que é ele quem manda?
O que essas histórias têm em comum? Em que M. assemelha-se a
D.?
Será prudente permitir que o adoecimento seja o informe da frustração?
Será preciso que pessoas se machuquem para que possam ter direito ao que acreditam?
Será que o caminho patológico escolhido ajudará a atingir o objetivo desejado?
Depois de lesar o corpo só resta cuidar da doença! Será justo
consigo mesmo não se cuidar? Será justo olhar para si sem gentileza? Será justo
não se lembrar de que nem sempre se conviverá com pessoas singelas e que por
mais que se faça o melhor sempre alguém
testará nosso limite e paciência e que são esses testes que dizem onde e como
devemos evoluir?
Ser bom com o outro sem ser bom consigo é uma incongruência,
se a mim não me trato bem como acreditar que o tratar bem o outro vai além do verniz social?
Bem sei que estou sendo dura, aliás, sempre me cabe a parte
mais difícil, mas quer saber titãs já disse “nenhuma ideia vale uma vida”. Se o
príncipe não chegou, se o funcionário não obedece, se a mãe não compreende...
Adoecer não trará a resposta positiva!
Não importa para você a diferença que faz na vida do outro,
isso é com o outro! Importa para você a
diferença que você faz em sua vida! Só você pode florir ou não a sua existência.
Já pensou que diferença faz para o
Cosmos se a cada situação indesejada se
responder adoecendo?
No final das contas é sempre bom refletir qual a base dessas
histórias?
Pois como já foi dito pelos doutores “...o corpo não é o lugar onde um problema
pode ser resolvido!”¹
¹ Livro A doença como caminho de Thorwald Dethlefsen e Rudiger
Dahlke
Com carinho,
Sandra Cristina
Miranda